Chegamos em Aveiro quase 8 da noite. Noite não, pois em finais de maio só escurece perto das 9. Era o começo de nossa viagem 2017 por Portugal (ver roteiro em outro post aqui).
A primeira impressão? Os canais, tão famosos, não eram tão largos como pareciam nas fotos. Fiquei um pouco frustrada… A segunda impressão? De perto, os canais com seus barcos moliceiros são coloridos e têm vida própria. No final da tarde, ou começo de noite, as luzes interferiam neles de forma positiva. Gostei!
Se você não quiser ler toda a historia/relato, pode pular para o Resumo/Dicas (passe direto para o item 4).
Introduzindo: Entendendo Aveiro…
Mas, antes de conversar sobre nossa viagem, vamos entender um pouco de Aveiro. Conhecida como a Veneza de Portugal é banhada pela laguna da Ria de Aveiro¹ e atravessada por canais² onde navegam barcos chamados moliceiros³.
¹ A Ria de Aveiro, ou foz do Vouga, é como se chama o estuário do rio Vouga que se estende pelo interior do território português, paralelamente ao mar. É uma bacia lagunar – uma lagoa costeira de baixa profundidade; laguna – onde as águas do rio Vouga se misturam com as águas do mar (as marés dominam a circulação no interior da lagoa). Ria é um acidente geográfico comum no litoral do norte de Portugal, na Galícia. Simplificando pode-se dizer que é um braço de mar que adentra na costa, resultante da submersão de um antigo vale de um rio provocado pela ação das marés (já um rio adentra ou desemboca no mar…). Às vezes não fica clara a distinção entre ria e estuário. Para saber mais clique aqui.
²Canais de Aveiro – A Ria se comunica com Aveiro através de 03 -três- canais: 01) o Canal das Pirâmides (marcado à entrada por duas pirâmides de pedra e onde se encontra as salinas) e que se prolonga no Canal Central (com suas suas casas com fachadas “Art Noveau”);02) o Canal de São Roque, no antigo Bairro da Beira-Mar (bairro dos pescadores, com tradicionais casas revestidas de azulejos e com os antigos palheiros que serviam para armazenar o sal, além de diversas pontes que separam o bairro das salinas de Aveiro);03) e o Canal dos Santos Mártires (ou do Paraíso) que corre para Sudoeste.
São 04 canais urbanos: 03 deles já referidos (o Canal Central, Canal de São Roque e o Canal das Pirâmides) e o Canal do Cojo que percorre uma das áreas mais modernas (segue o Canal Central). Tem ainda alguns canais pequenos como o Canal de Botirão (que se encontra com o Canal de S. Roque). Ver mapa abaixo.
³Moliceiro: tipo de barco usado antigamente para carregar moliço (plantas aquáticas que se formavam no leito submerso da laguna e que era utilizado como fertilizante nas terras agrícolas). Hoje, esses barcos são usados como transporte de turistas. O passeio turístico de moliceiro na Ria de Aveiro percorre os 4 canais urbanos da cidade de Aveiro. Canal Central, Canal da Pirâmides, Canal de São Roque e Canal do Cojo.
A ria é muito rica em peixes e aves aquáticas. Atualmente existem ali viveiros de enguias, douradas, linguados e robalos entre outras espécies de peixes. O Porto de Aveiro mostra a importância das atividades pesqueiras e comerciais que têm se desenvolvido muito.
Devido a grande extensão de água Aveiro é também um bom lugar para se praticar esportes aquáticos.
Existem salinas mas a maioria está abandonada. A produção de sal ainda se dá usando técnicas antigas, uma das características de Aveiro (para saber mais sobre as salinas, ver aqui).
Aveiro é uma cidade relativamente pequena, e dá para se conhecer boa parte dela caminhando. Isso facilita também encontrarmos os pontos de interesse, restaurantes e tudo o mais.
Se você tiver pouco tempo faça o passeio de moliceiro que consegue ter uma visão geral de quase tudo, e caminhe um pouco pelas ruazinhas nos arredores do Mercado do Peixe.
1) Voltando à nossa viagem… O Primeiro Dia:
1.1) O Carro – No aeroporto do Porto, onde chegou nosso voo, pegamos o carro na locadora* e seguimos direto para Aveiro. São mais ou menos uns 75 km de Porto até lá.
*Alugamos um ótimo 500.X-Fiat (era pra ser um Nissan Juke ou semelhante) direto pelo site da Aguscarhire (fornecedor: Centauro). O carro era grande para dois, mas os preços de aluguel de carro em Portugal permitem dar-nos ao luxo (na verdade a palavra é conforto) de optarmos por um carro melhor.
1.1) O Hotel – O nosso hotel (Aveiro Palace) ficava na beira do Canal (entre o final do Canal Central e o começo do Canal do Cojo). Nosso quarto ficava na frente com vistas aos canais. Estacionamos o carro no parking em frente ao hotel, tomamos banho e saímos para ver Aveiro. Como já falei, nesse dia tínhamos pouco tempo pois já chegamos lá perto da hora do sol se por.
1.3) Passeando -Primeiro passeamos pelo canal e tiramos algumas fotos no canal e nos barcos moliceiros.
Passamos por algumas casas com lindas fachadas art nouveau e fomos, caminhando, jantar no restaurante indicado pelo hotel (O Moliceiro).
1.4) O Jantar – O “Moliceiro“, onde jantamos, era um restô do tipo tradicional. Comemos bem! Sardinha de entrada e depois um robalo muito bom. Tomamos vinho da casa (sempre o vinho da casa é uma boa opção, pelo custo-beneficio).
1.5) Pelas ruas – Na volta, vimos que havia muita animação nas ruas e ruelas com muitos bares legais, gente nas calçadas etc. e tal. Isso, desde a praça onde fica o Mercado do Peixe e arredores, entrando pelas estreitas ruas que chegavam de volta até nosso hotel. Tive vontade de ficar por lá e nem voltar ao hotel tão cedo…
2) O Segundo Dia:
No segundo dia fizemos vários passeios.
2.1) Tour num barco moliceiro (uns 45 minutos). É interessante, nada muito espetacular, mas recomendo. O tour de barco passa pelos quatro canais urbanos, ou seja, passa pelas casas de estilo art nouveau; por algumas salinas, pelo antigo bairro dos pescadores (com suas casas revestidas de azulejos tradicionais e os antigos palheiros que serviam para armazenar o sal); e por algumas pontes que atravessavam a ria, etc. e tal. Todas essas coisas podemos ver também caminhando.
Depois fizemos um tour by car. Compramos tudo no dia anterior na recepção do hotel (sai um pouco mais barato, mas se você quiser comprar o tour de moliceiro na hora, tem muitos pelo canal).
2.2) Tour de carro – No tour de carro fomos até a estação de trem, até a antiga fábrica de tijolos e telhas, que hoje é o Centro Cultural e de Congressos; rodamos um pouco pela avenida principal (Avenida Dr. Lourenço Peixinho; que está um tanto decadente); passamos por alguns lugares como a universidade, etc.
E depois fomos ainda conhecer duas praias por perto: a Praia da Barra, que tem o farol mais alto de Portugal e que é mais frequentada por veranistas (tanto de Portugal como de outros países); a Praia da Costa Nova onde ainda há moradores, embora muitas das casas de pescadores foram compradas (e reformadas) por pessoas de poder aquisitivo mais alto.
Na primeira praia o banho é mais tranquilo e bom para crianças. Já na segunda praia o banho é mais é complicado com altas ondas. Mas, tem restaurantes aparentemente legais à beira-mar. Na Praia da Costa Nova estão as famosas casas listradas (segundo a guia que as listras estavam relacionadas à moda – aos maiôs listrados de antigamente -).
2.3- O Almoço – Terminado o tour tentamos almoçar no mercado que tem um restaurante famoso. Lotadoooooo!!! Resolvemos ir num outro restô que nos pareceu simpático quando íamos caminhando em direção ao mercado. Surpresa agrabilíssima: o restô (O Alentejano*) era ótimo! Comida maravilhosa (comemos um polvo), atendimento muito bom. Para completar, o garçom ainda tocou flauta para nós. Bravo!!!
*Fica numa ruazinha estreita a R. das Salineiras 28. Tem pouca coisa na internet pois é relativamente novo.
2.4- E à noite? A noite -quando falo aqui noite, muitas vezes ainda está claro- resolvemos curtir os bares que havíamos visto na véspera e pensamos em “ir de bar em bar”.
Saímos, rodamos por ali e acolá, e sentamos num bar que achamos interessante: o “Tasca do Sal” que ficava no pequeno Canal do Botirão (no lado que se chama Cais de Mercanteis, por perto do Mercado).
E onde fica esse tal canal? O Canal de Botirão fica por trás do Mercado de Peixes e encontra o Canal de S. Roque no ponto onde se localiza a ponte pedonal circular (a ponte também permite bicicletas e também é chamada de Ponte do Botirão). Ao longo desse canal, encontram-se vários outros bares.
Aí, continuando nossa história, ocorre que estava um pouco frio e nesse primeiro bar que sentamos (do lado de fora, porque adoro ver os passantes e a paisagem) já comecei a me incomodar um pouco. Tomamos um vinho, comemos uns petiscos, mas o vento frio estava me pedindo pra sair dali (rsrss).
Resolvemos sair do bar Tasca do Sal e fazer o que pensamos na véspera (ir de bar em bar). Mas, simplesmente não encontrávamos nenhum bar com o clima astral que havíamos visto no primeiro dia. Aliás, nem tinha muita gente na rua como tinha na véspera, embora alguns bares estivessem cheios. Ficamos um pouco decepcionados, mas depois de andar pra lá e pra cá, encontramos um restô legal e fomos jantar.
O restaurante “Armazém da Alfandega“, quase vizinho ao Moliceiro, é moderno, com comidas criativas e tem uma filosofia interessante: compartilhar a comida. Logo, as comidinhas são do tipo “tapas” para dois. Depois li aqui, que é um restô novo e com um chef bastante conhecido em Portugal.
Ao sair do restaurante descobrimos que o movimento nas ruas estava um pouco maior, o clima mais animado. Talvez tenhamos saído muito cedo da noite nesse dia…
3) O Terceiro dia
Aparentemente já havíamos conhecido os pontos turísticos mais importantes, então esse terceiro dia seria para dar-nos ao luxo de simplesmente flanar pela cidade ou arredores.
Havíamos pensando na possibilidade de ir a uma praia, mas desistimos. Afinal ventava muito e temos praia de sobra aqui no nosso nordeste brasileiro.
3.1) Passeio de Bike – Então, pensamos em pegar uma buga* (Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro) e pedalar à esmo, conhecendo mais a cidade. Ocorre que as bugas não estavam em bom estado e depois de uma meia hora pedalando, desistimos.
*Obs. As bugas estão na Beira do canal de Cojo por perto do shopping Forum.
3.2- Caminhando por Aveiro – E, resolvemos simplesmente flanar a pé pela cidade.
- Fomos na praça onde está a Catedral…
- Passamos pelo shopping (um pequeno centro comercial charmosinho chamado de Forum)…
- Fomos no mercado, e passeamos pelas ruelas…
- E resolvemos andar um pouco mais pelo Canal de S. Roque. Atravessamos a Ponte dos Carcavelos, só de curtição, e voltamos para o lado de cá…
3.3- O Almoço – E eis que, a caminhada pelo canal de S. Roque, encontramos um restaurante com cara ótima para almoçarmos (Taberna do Canal)! Entramos e percebemos que era um restaurante de locais o que fez com que gostássemos mais ainda! Adoramos a comida, o serviço e tudo o mais!
Depois, na volta para o hotel encontramos um café charmosinho (Biscoito) e resolvemos nos sentar. Tomamos vinho com um queijo delicioso (mais comida e bebida -ufa-) e ainda comemos uma sobremesa dos deuses!
3.4- O Programa Noturno? Nesse dia nada de programa noturno. Já chegamos mais tarde no hotel e fomos arrumar malas para zarpar no dia seguinte rumo a aldeia de Marvão. Conto tudo no próximo post!
4- RESUMO: Dicas (carro que alugamos, hotel que nos hospedamos, restaurantes que frequentamos e passeios que fizemos)
- O carro: Alugamos um ótimo 500.X-Fiat (era pra ser um Nissan Juke ou semelhante) direto pelo site da Aguscarhire (fornecedor: Centauro). Carro excelente!
- Hotel Aveiro Palace – localização nota 10. Hotel, em outros quesitos também muito bom (café da manhã, quarto, etc.). Em frente ao fim do Canal Central e começo do Canal de Cojo. Perto de tudo que é interessante. Recomendo (custo-beneficio ótimo).
- Restaurantes e Cafés – O Moliceiro; O Alentejano; Armazém da Alfandega; Tasca do Sal; Taberna do Canal; Biscoito. Todos muito bons, cada um com sua peculiaridade! Ah, há sempre nos sites a recomendação para o restaurante do Mercado, mas não podemos opinar pois no dia que tentamos ir estava lotado (de turistas)!
- O que fazer – 1) Passeio de Moliceiro (que passa pelos 04 principais canais urbanos e já se vê muitos pontos turísticos de interesse); 2) Caminhar a pé pelas ruelas, pela beira dos canais. Ver: As casas do movimento Art Nouveau que ficam no Canal Central; o parque do Rossio; as salinas de Aveiro; o Canal de São Roque, ladeado pelo antigo bairro dos pescadores (as casas revestidas de azulejos tradicionais, os antigos palheiros que serviam para armazenar o sal e as diversas pontes que atravessavam a ria do bairro Beira-Mar para as salinas); a catedral; O edifício da Assembleia Municipal de Aveiro (Antiga Capitania) e a antiga fábrica de cerâmica, hoje centro cultural e de congressos de Aveiro, bem como o centro comercial/shopping “Forum” (esses três no Canal do Cojo); O Mercado de Peixes… Várias dessas coisas se faz no passeio dos barcos Moliceiros ou pode-se ver caminhando! A escolha é sua! E se puder, faça as duas coisas: caminhe e passeie em um moliceiro!
- Praias: da Barra e Costa Nova
- Compras: Pelas ruas de Aveiro tem muitas lojinhas legais, ou no shopping/centro comercial Forum.
Para finalizar o mapa acima: Foto 1: 03 dos canais urbanos (entre o Central e o Cojo ficava nosso hotel). Foto 2: o hotel que ficamos (Aveiro Palace) e os dois canais que ficam em frente. Foto 3: O shopping Forum Aveiro no canal de Cojo. Tudo fica perto!
Ah, não posso finalizar sem falar nos famosos doces “ovos moles” de Aveiro. Talvez esqueci porque não gostei muito (rsrs). Mas, provei. Gosto é coisa de cada um, não é? 😉
Bye Bye Aveiro! Foi muito bom! Diferente de só ver, curtimos bem a cidade em três dias! Mas, depende do tempo de cada um! Estamos aqui para dar mais dicas para quem quiser! Boa viagem!
Obs. Próximo post: As três cidades que visitamos “de passagem” (Coimbra, Fátima e Tomar) no percurso Aveiro-Marvão.
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1 Milão – O começo da road trip pela Itália
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2 Provesende: uma aldeia no Douro
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3 Aix-en-Provence: Quase morando lá!
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4 João Pessoa, carinhosamente chamada de Jampa
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5 João Pessoa: Dicas (por Aina Azevedo )
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6 Giverny: Um Bate & Volta desde Paris!
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7 San Francisco: De novo por lá!
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8 San Francisco, pela segunda vez!
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9 Miami – Porque sim, porque não!
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10 Dicas rápidas de Miami