CANAL DU MIDI: E DEPOIS DO PEDAL? – OS DIAS EM BORDEAUX
Depois dos dias de pedal pelo Canal de Midi, ainda ficamos uns dias em Sète (nossa cidade-meta – ver post aqui) e em seguida fomos para Bordeaux.
Chegamos na estação de trem de Bordeaux, pegamos as bikes e fomos procurar o hotel, pedalando… O hotel ficava super perto (escolhemos de propósito um Ibis próximo à estação), mas vimos o mapa de cabeça pra baixo e passamos um tempinho pedalando pro lado contrário. Mico (faz parte, né?)! Perguntamos a um senhor passante, e ele nos informou a direção certa. Chegamos ao hotel, guardamos as bikes e fomos “bater perna” nas ruas de Bordeaux.
Bordeaux
Bordeaux é uma cidade já bastante conhecida por muita gente. Ainda assim, vou fazer um breve resumo.
Bordeaux é uma das maiores cidades francesas, fica numa região de muitas vinícolas e tem um dos mais importantes portos franceses. Situada às margens do rio Garonne e junto à foz do Rio Gironde (no seu estuário desemboca o rio Garonne, o qual o Canal Du Midi dá continuidade para se chegar ao mediterrâneo). Suas sub-regiões distribuem-se em torno de um “Y” formado pelo rio Gironde e seus afluentes, o rio Dordogne, ao norte, e o rio Garonne, ao sul.
Tem uma localização privilegiada: perto do oceano atlântico, da famosa Duna do Pyla, da Bacia de Arcachon e das montanhas dos Pirineus.
É a maior cidade da região Aquitaine e é considerada uma das cidades mais dinâmicas e atrativas da França. A arte, o esporte, a cultura, a gastronomia, o comércio e a história, fizeram dela uma cidade famosa e, ademais reconhecida como capital mundial do vinho. Está situada no centro do maior vinhedo de vinhos renomados no mundo, com mais de cinquenta denominações (appellations).
As condições para plantação de vinhedos são excelentes, tanto devido ao clima quanto ao solo. A base geológica do solo da região é de pedra calcária, portanto um solo rico em cálcio. Os rios Garonne e Dordogne, que irrigam a terra, e o clima litorâneo com sua umidade atmosférica resultam num ambiente excelente para a cultura de vinhedos.
É a segunda maior área de cultivo de vinhos do mundo, com quase trezentos mil acres de vinhedos e treze mil viticultores. Apenas a região do Languedoc (onde passamos quando pedalamos pelo Canal Du Midi), também na França, é maior (com mais de seiscentos mil acres de vinhedos plantados), mas com vinhos não tão famosos, nem ainda com a qualidade de Bordeaux, embora sejam bons vinhos.
Além disso, tem muitos locais interessantes na parte histórica, como a Igreja de Saint Croix que é uma basílica românica terminada no século XIII, a Torre Saint Michel do século XV, e o Porto da Lua (Port de La Lune), tombado pelo patrimônio mundial da UNESCO.
Bordeaux possui ruas e casas do século XV, mas também tem avenidas largas, praças grandiosas e edifícios do século XVIII. Como exemplos a se visitar podemos citar ainda a Esplanade des Quinconces, uma das maiores praças da França, o Grand Théâtre, um suntuoso edifício do século XVIII e a Catedral Saint André, uma majestosa igreja gótica.
Ah, Bordeaux conta atualmente com um trem urbano (metrô de superfície) altamente eficiente e ótimo para os deslocamentos na cidade. Ou, se quiser, alugue bicicletas, que tem em “toda esquina”, como em Paris!
Do hotel para o centro dava para ir caminhado, algo em torno de uma meia hora, quarenta minutos. Pra não perder tempo, na maioria das vezes pegamos o tal trem urbano.A prefeitura tem uma oficina de turismo, situada bem no centro de Bordeaux, bastante organizada e conta com vários passeios, incluindo, obviamente, as vinícolas. Para mais detalhes clique aqui.
Nossos dias em Bordeaux
Um dos dias fizemos um passeio pelas margens do rio, até a altura onde se pode subir para o centro. No meio do caminho, encontramos um “espelho d’água” onde crianças brincavam e adultos se refrescavam! O calor era grande! Outro dia viemos a pé, desde o centro, pelas ruas internas e quase nos perdemos, mas chegamos…
Nada melhor do que conhecer uma cidade a pé. Assim, caminhamos bastante pelas ruas de Bordeaux, admirando seus prédios, monumentos e o movimento de pessoas. Santiago deu uma boa pedalada em um dos dias, logo cedo. Eu não fui. Depois dos seis dias de pedal, preferi apenas “usar meus pés” ou trens…
Um dos dias paramos no bar “chique”, ao ar livre, do Hotel Regent (que fica em frente ao Grand Théâtre) e ficamos por lá saboreando umas ostras com vinho branco. Ao chegar, a recepcionista nos perguntou se tínhamos reserva. Não, não tínhamos (risos), mas mesmo assim conseguimos uma ótima mesa!
Tínhamos planejado jantar um dia no restaurante mais antigo da cidade, o Le Chapon Fin. Tentamos uma reserva no primeiro dia em que chegamos, mas era uma segunda-feira e estava fechado.
Um dos recepcionistas do hotel nos indicou outro, que dava pra ir a pé, mas que eu não “botei fé”. Sem alternativa, saímos caminhando e eu meio que reclamando… Mas, quando chegamos na rua do tal restaurante, já havia na esquina um bar bem charmosinho. Olhamos mais pra frente, e… Surpresa!
A aparência do La Tupina , já na calçada era ótima. Lotado, entramos pra tentar uma mesa. Fiquei ainda mais surpreendida com o charme do restaurante e a delicadeza dos funcionários.
Logo na entrada, um fogão antigo e enorme, com vários legumes e carnes pendurados ou ao lado. Rústico e sofisticado ao mesmo tempo. Na mesa, pudemos apreciar melhor a beleza do local e degustar as primeiras entradas. Os pratos principais estavam excelentes, e lá pras tantas até o chef veio falar conosco.
No dia seguinte fomos ao Le Chapon Fin uma outra proposta, mas também muito bom. O chef havia ganhado o prêmio de melhor chefe em algum dos anos anteriores… Ele era muito simples e na saída conversou um bom tempo com a gente!
As Vinícolas
Agora, quanto ao passeio das vinícolas foi meio decepcionante. Por que? Porque tivemos “olho grande” e escolhemos a visita aos Grands Crus em vez de Saint Émilion como planejamos? Ou porque esse “tour” estava mal programado? Sei lá… E era o mais caro de todos! Vamos contar um pouquinho…
Logo no ônibus do tour encontramos Manu, um brasileiro muito legal from SP. Ele nos disse que na véspera tinha ido para Saint Émilion, e que foi ótimo (“um dia de sol lindo, o cara da vinícola Haut-Sarpe era uma figura, o almoço americano perfeito regado a vinho e à tarde passeio na cidade subterrânea com catacumbas, igrejas, etc.”)…
Bom, mas esse tour do Grands Crus… O que “salvou” foram as paisagens, os châteaux, as explicações… Visitamos três vinícolas (Linch Moussas, Léoville Poyferré e Chateau Dauzac), mas…
Imaginem que nos deram vinho de terceira categoria com uma estorinha que era para provarmos um vinho ainda não pronto para ser vendido, e, compararmos com outro um pouco melhorzinho, mas que ainda não era um grand cru no ponto! Ah, faça-me o favor! Não estava lá para “estudos” nem pra ser cobaia… O almoço também não era grande coisa e a guia uma chata. Enfim, o passeio não foi bom. Mas, fica uma opinião geral: Saint Émilion parece ser incrível, e perdemos essa. Fica pra próxima!
Tirando essa das vinícolas, que tivemos “azar” na escolha, Bordeaux é uma cidade muito legal! Além do mais, conseguimos tomar uns bons vinhos nos restaurantes e bares de lá!
Dunes de Pylas
Quase ia esquecendo de um passeio interessante que fizemos. Fomos, com Alexia (uma francesa que conhecemos no Caminho de Santiago, no ano anterior) às Dunes de Pylas. Essas dunas são as mais altas da Europa e ficam na baía de Arcachon, à uma hora de Bordeaux (60 km).
Fomos primeiro de trem, depois no carro de Alexia até lá (ela morava ali por perto). Eu nem tava muito a fim de ir, afinal praias e dunas é o que mais temos aqui no nordeste no Brasil. Mas, fomos. De toda forma, vale à pena! A estrada é muito bonita, com uma floresta bela, e, as dunas, apesar de parecerem muito com as nossas (lembrei de Genipabu), de um lado é mar e do outro se avista uma floresta imensa. Segundo Alexia, é a maior reserva florestal da França!
De Bordeaux para Toulouse
Bom, depois de três dias em Bordeaux, fomos para a estação de trem (pedalando em nossas bikes) pegar outro trem para Toulouse, nosso ponto de partida e nosso ponto de chegada.
Sobre Toulouse conto aqui..
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1 Calanques de Cassis: Como chegar
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2 Cassis e suas Calanques: O Mar na Provence
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3 Marseille: Bate&Volta desde Aix-en-Provence
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4 Nice
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5 Giverny: Um Bate & Volta desde Paris!
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6 Paris em Maio! (²)
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7 Quer viajar pra onde?
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8 Canal du Midi de barco (por Melissa Sales)
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9 Patagônia Argentina: Dicas
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10 Alemanha (Breisgau) e França (Alsácia) by bike: Dicas