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CANAL DU MIDI BY BIKE: COMO TUDO COMEÇOU…

Em meados de 2006, li numa revista sobre o Canal de Midi, no sul da França. A revista era uma Marie Clair, da minha mãe, e a reportagem se intitulava “No Ritmo das Águas”. Na época, eu e San, tínhamos um mural aonde colávamos todas as crônicas sobre viagens interessantes e que pensávamos fazer algum dia. 

Encontrei, depois, essa mesma reportagem na internet, nesse site . Vale à pena ler!

Num primeiro momento pensei em fazer o Canal de Midi de barco, especialmente uma pénichette, um pequeno Péniche (tipo de barco) como recomendava a reportagem. Fiquei apaixonada pelas fotos e todo ano “sonhava” em fazer a tal viagem. Mas, tínhamos outras prioridades de viagens… A reportagem permanecia no mural e nada de planos concretos.

Peniches (http://arcus.centerblog.net/rub-peniches-.html)

Em 2009 decidimos fazer um trecho do Caminho de Santiago. Na época do planejamento, Santiago (my husband) torcia um pouco por fazê-lo de bicicleta, visto que uns colegas já haviam feito dessa forma, e porque ele era um “pedaleiro” de “todo dia”… Convenci-o a fazer a pé, por diversos motivos. Um deles: por algumas trilhas que fazem parte do verdadeiro Caminho, só se consegue ir a pé.

Após o Caminho, já estávamos pensando mais concretamente em outra viagem de “aventura” e elegemos o Canal de Midi. Como tenho a mania de planejar em detalhes as nossas viagens, vi que além de barcos, as bicicletas eram outro meio escolhido pra cruzar o sul da França, beirando esse canal. Percebi, então, uma forma de “compensar” Santiago por ter cedido, ou compreendido, em fazer o Caminho de Santiago a pé. Dessa vez, iríamos de bike, até porque a essas alturas, a bike já fazia também parte da minha vida, não diária, mas de alguns fins de semana!

Foram seis dias de pedal, de Toulouse a Sète, e mais dez dias “sem bike” entre Sète, Bordeaux e Toulouse.

Eu, pedalando pelo Canal du Midi

Para chegarmos a isso, fiz todo um plano. Pesquisei na internet, comprei livros, ganhei livros de presente, fiz slides, discuti com Santiago e com amigos que haviam morado na França, etc. e tal. Escolhemos os trechos de cada dia e os hotéis. Até alguns restaurantes foram reservados previamente.

Eu e minha mala-bike! Preparando a viagem!

Vou contar no mínimo seis “contos” relativos a essa viagem. Começo com esse primeiro, que não é bem um “conto”, e sim mais uma explicação sobre o canal, um pouco de história.

O Canal du Midi – A História

Canal du Midi foi construído para ligar o Oceano Atlântico ao Mar Mediterrâneo. Na época, os franceses para comercializar seus produtos e chegar ao mediterrâneo tinham que passar pela costa espanhola, ou seja, três mil quilômetros de dificuldades incluindo o aparecimento de barcos piratas. Para evitar o estreito de Gibraltar e a navegação em águas abertas,  Pierre-Paul Riquet idealizou e projetou o canal.

Os três mapas a seguir são encontrados no site oficial do canal.

Situação geográfica do Canal du Midi

O rio Garonne, que começa no Atlântico, passando por Bordeaux, ia somente até Toulouse. Logo, o Canal parte de Toulouse e vai até  Agde (Lagoa de Thau), com duzentos e quarenta quilômetros. Para chegar ao Mediterrâneo tem mais uns trinta quilômetros, seguindo pelo Canal de Rhône que liga Thau a cidade de Sète, chamada “a Veneza de Languedoc” .

Parte ocidental do Canal du Midi (começando em Toulouse)

Parte oriental do Canal du Midi (terminando em Agde, depois pelo Canal de Rhône até o mediterrâneo em Sète)

Atualmente, ao lado do Canal Du Midi, muitas pessoas pedalam no chemin de halage (caminho usado antigamente para pessoas e cavalos puxarem os barcos, quando não havia vento). O canal fica noventa por cento embaixo de árvores (platanes), ou seja, na sombra!

Platanes (tipo de árvores) no Canal.

Ao longo do canal encontram-se em torno de noventa comportas (écluses), subindo e/ou descendo (no total, cento e noventa metros). São mais de trezentas obras, incluindo as comportas, pontes/aquedutos, túneis e barragens.

Écluse no Canal

 Considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO, o Canal levou catorze anos para ser concluído, poucos meses após a morte de seu idealizador. Inaugurado em 1681, ligando o Mediterrâneo ao Atlântico, foi um importante fator de progresso para a região de Languedoc-Roussillon ao aproximá-la do Atlântico e promover a exportação dos vinhos e tecidos do Sul da França.

Hoje é usado por turistas e para o lazer dos franceses, tanto em barcos, a pé, de bike ou até de patins. Muitos percorrem o Canal inteiro, outros apenas passeiam nos trechos próximos de onde vivem.

Um barco passando por uma écluse.

O Canal e suas Cidades

O Canal atravessa o sul da França pelas regiões de Midi-Pyrenées e Langedoc-Roussillon.Toulouse é a cidade mais conhecida do Midi-Pyrenées.

As cidades de maior destaque do Languedoc são Nîmes, Montpellier, Sète e Bézier e as da região do Roussillon são Narbonne, Carcassone, Minervois, Saint-Hilaire e Limoux.

Ao longo do Canal se pode observar uma bela rota do vinho no Sul da França. Várias cidades à beira do Canal oferecem degustação, muitas vezes gratuita, e encontram-se diversos bons restaurantes por todo o percurso.

Nossa “Pedalada”

Em seis dias pedalamos em torno de 300 km.

No primeiro dia pedalamos de Toulouse a Castelnaudary. Foram setenta quilômetros, incluindo saídas para conhecer outras cidades ao longo do canal, como Avignonet.

No segundo dia foram cinqüenta quilômetros, incluindo a subida para Carcassonne (de Castelnaudary a Carcassonne).

No terceiro dia, pedalamos mais quarenta e cinco quilômetros (de Carcassonne a Homps) e, no quarto dia, quase cinqüenta quilômetros (de Homps a Capestang).

No quinto dia foram mais quarenta e oito quilômetros (de Capestang a Vias) e no sexto dia e último dia “de pedal”, pedalamos em torno de quarenta quilômetros (de Vias até Sète).

Na maioria do tempo pedalamos na sombra devido a grande quantidade de platanes no Canal. Um pouco de sol, aqui e acolá, fez parte da viagem

Apenas menos de 1/4 do caminho que beira o canal é asfaltado (estreita e apropriada para bike) e os demais quilômetros são de trilhas, às vezes bastante estreitas que só passa uma bike por vez, às vezes com muitas raízes ou pedras e às vezes de areia “batida”, mais normal.  Mas, nada foi tão difícil ou complicado, exceto algumas subidas um pouco mais duras para algumas cidades como Carcassonne.

A beleza é enorme. Campos de girassóis, vinhedos, muitas árvores e o próprio canal com seus barcos. Além da beleza natural, vemos lindas obras de arte como aquedutos, pontes e écluses. As pequenas cidades por onde passamos, também são super charmosinhas. Cidades medievais, cidades mais moderninhas, cidades lindinhas. O povo do sul da França, super simpático. E, pra completar, uma gastronomia de primeira! Vale a pena!

Campos de Girassóis…

A cidade-fim do canal: Sète, no mar mediterrâneo!

Os “contos” de cada dia “de pedal” estão descritos “um a um” aqui no blog. Para ver o primeiro dia, clique aqui.

Deixo também, a seguir, alguns sites e livros interessantes para quem quiser conhecer melhor o canal de Midi.

 Livros:

THE CANAL DE MIDI, BIKING. Phillippe Calas.

CYCLING THE CANAL DU MIDI. Declan Lyons.

À PIED, A VELO: CANAL DU MIDI. Jean-Yves Grégoire.

Sites (Canal):

Vinhos do Canal:

 



Engenheira por formação, fez doutorado em Madrid onde começou sua paixão pela Europa. Aprendeu, com seus pais, desde criança a gostar de viajar. Adora viajar e diz que "sem viajar não me reconheço"! Escreve sobre suas viagens pelo mundo afora de forma divertida e leve. Escritora por hobby, além desse blog tem dois livros de viagens publicados.

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