14 de julho: Dia da Comemoração da Queda da Bastilha/Revolução Francesa!
Na época do planejamento da viagem, Vias, a cidade-meta desse dia, era a única que não confirmava hotel. Tentei hotel de todos os tipos e de todas as categorias e nada. Mudei os planos e tentei a dormida em cidades um pouco antes ou um pouco depois. Nada.
Depois de tanto quebrar a cabeça, lembrei-me que seria 14 de julho e, portanto feriado e dia de festa na França. Comecei então a procurar hotéis nas praias de Vias.
Já preocupada, enfim consegui um tal de Motel Mirian que ao entrar no site tocava uma salsa. Achei estranho e engraçado ao mesmo tempo. O que tinha a ver salsa com a França? Bom, mas, pelas fotos do site, parecia “normal”. Uns chalés com uma varandinha, típico de quem quer ficar na praia com a família toda…
Pelo e-mail, a dona me atendeu super bem. Babette era seu nome. Sem ter nada a ver com “A festa de Babette”, quebrou nosso galho. Era um hotel razoavelmente grande, de uma família com pais e filhos trabalhando…
Bom, voltando ao começo do dia. Saímos de Capestang na nossa hora de sempre, por volta das 9 horas, ou um pouco mais tarde.
Por onde passávamos havia indícios de festa. Com certeza, mais tarde haveria comemorações em toda a França, e não seria diferente nas cidadezinhas ao longo do canal.
Nesse dia passamos pelo Túnel Malpas, um túnel construído dentro de um monte (Monte d’Enserune) e foi causa de polêmica na época da construção do canal (passar o canal por cima do monte ou escavar um túnel?).
Também cruzamos por Béziers, a cidade de Paul Riquet o idealizador do canal. Antes de chegar lá, numa espécie de mirante natural, encontramos vários pintores tentando retratar a paisagem. Nesse local havia vários barcos ancorados e uma écluse mais adiante. Havia lá uma loja de aluguel de bike entre outras coisas próprias de um “ponto de apoio” para paradas.
Passamos ainda pela maior écluse do canal (Fonserannes). Na verdade são nove écluses juntas! Uma verdadeira obra de arte da engenharia! O Aqueduto de Orb, outra magnífica obra de arte, também estava nessa rota!
As “nove écluses” eram super visitadas. Turistas de monte! Sentamos num bar e tomamos uma coca (eu) e Santiago uma taça de vinho, e ficamos um pouco a olhar o movimento e a paisagem…
Mais na frente, paramos em Villeneuve Le Béziers uma cidadezinha simpática a beira do canal. Sentamos num banco, bem as margens do canal e ficamos “curtindo” o indo e vindo das pessoas locais ou turistas, a pé, de bike ou de barco… Vi um mercadinho em frente e fui lá. Frutas e verduras frescas de dar gosto!
Continuamos nosso percurso, e tínhamos um plano de ir a uma praia (Portiragnes Plage). Assim que vimos uma placa indicativa de Portiragnes, saímos do canal e pegamos a estrada. Em frente a uma rotunda com várias placas, percebemos que a praia não ficava no centro da cidade de Portiragnes, e sim a uns quilômetros após.
Quantos quilômetros seriam, foi a pergunta que pairou entre a gente. Continuamos e víamos carros e mais carros passando com pranchas de surf, puxando barcos, tudo o que indicava que a praia tava mais na frente…
Mas, o calor estava brabo e resolvemos perguntar, num mercadinho a beira da estrada, se tava longe… Não, não tava muito longe não, mas tinha que encarar uma subida enorme, num calor mais enorme… Desistimos! Com a fome que estávamos comemos numa pizzaria vizinho ao tal mercadinho. Foi uma das melhores pizzas da minha vida, não sei se era a fome, o cansaço ou se a pizza era boa mesmo!
Revigorados voltamos ao canal. Lá pras tantas pegamos um vento enorme, contra a gente. Foi meio duro, mas ultrapassamos esse trecho que até as árvores se dobravam ao tal vento…
Chegamos à outra “obra” do canal o Libron Works (ou Ouvrages du Libron em francês), uma espécie de écluse ou um aqueduto, mas com diferenças as quais eu não compreendi muito bem.
Parece que nesse ponto havia transbordamento de água, muito lodo e vegetação, e um aqueduto tradicional não resolveria o problema. Há também uma diferença de nível. Portanto a solução foi construir o tal de Libron Works.
Libron é um rio que cruza o canal. O leito do rio do Libron foi modificado para que o fluxo fosse dividido em dois caminhos que chegam ao Canal Du Midi. Os caminhos cruzam o canal através do Ouvrages Libron, composto de seis “portas” de cada lado, e que resolve as situações de alagamento. Mas, a obra em si é muito feia, parece com coisas de tortura. “Vixe”!
Do Libron teríamos que pegar a saída para Vias. Fizemos isso, mas ao chegar à estrada pegamos o lado contrário e fomos parar em outra praia, por sinal, horrível, brega, lotada de gente e cheia daqueles parques aquáticos, um tumulto. Perdidos aí uns dez quilômetros, retornamos ao ponto do erro e dessa vez tomamos a direção certa.
Em Vias
Chegamos à praia de Vias, onde estava nosso hotel, através de uma estrada que logo se transformou na rua principal de turistas praianos. As lojas invadiam as calçadas com um monte de bugigangas pra vender, desde roupas de praia a crepes, sorvetes e até raspadinhas coloridas.
Entramos no hotel, e pareceu-nos até melhor do que pensávamos. Tinha ar condicionado (pelo menos isso), piscina, varandinha no quarto… Cheio de famílias, percebemos logo que estavam ali pra curtir o feriado.
Deixamos nossas coisas no nosso “chalé” e fomos para a praia, pensando em sentar num barzinho e tomar uma cervejinha olhando o mar. Que nada! Decepção total, a praia, embora melhor que a anterior, era lotada de gente, barcos, Jet skis, pranchas, crianças gritando, ai meu Deus! Não tinha espaço pra mais ninguém nas areias…
E o pior, os bares ao redor eram daqueles enormes com música alta. Onde danado eu tou? Numa praia perto de Natal? Me perguntei. Êpa! Peraí, em Natal e arredores têm praias ótimas, claro. Mas o que veio na minha cabeça foram aquelas praias “meio” urbanas, aos domingos, apinhadas de gente, ônibus chegando com mais gente, vendedores de tudo e mais um pouco, um horror! Não, não iríamos ficar ali…
Voltamos ao hotel e perguntamos como iríamos pra o centro histórico. Ficava a uns 4 km dali. Não tinha táxi fácil, mas podiam chamar. Tava demorando e resolvemos ir a pé! Foi a melhor coisa que fizemos. O centro histórico de Vias é bem legal, com uma pracinha lindinha e onde mais tarde teve uma festa pra comemorar o 14 de Julho.
Havíamos lido na internet sobre um restaurante muito bom, num prédio tipo medieval, Le Vieux Logis. Procuramos e o encontramos. Um charme! Tinha uma parte externa, muito agradável, mas preferimos ficar na parte interna com ar condicionado e a beleza do próprio restaurante.
Os donos super simpáticos, o casal e a filha atendiam ao público. Comida de primeira qualidade, e a cada prato, a cada vinho, uma explicação. Esse estava, sem dúvida, entre os melhores restaurantes da viagem.
Já meio embriagados, dos vinhos e licores, fomos para a praça onde uma banda já tocava e diversas pessoas dançavam. Nós aproveitamos e também entramos na dança!
Na volta, já próximo ao nosso hotel, encontramos uma festa lotada de jovens, com direito “aqueles “banhos de espuma” e tudo mais. Entramos de novo na dança, na festa e nos festejos franceses… Viva o 14 de julho!
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OBS. Para ver todos os dias de pedal, clique em cada dia: dia 1, dia 2, dia 3, dia 4, dia 5 e dia 6.
E se você quiser saber “como tudo começou“, de onde surgiu a ideia dessa viagem de bike, etc e tal, clique aqui! E “Bon Voyage”!
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