“I’m wandering round and round, nowhere to go
… London is lovely so
I cross the streets without fear
Everybody keeps the way clear…”
(Caetano Veloso)
Quantas vezes estive em Londres? Não sei, não lembro bem… Não, não tou com amnésia, mas sei que no final dos anos 80, enquanto morava em Madrid, fui mais de uma vez por lá… Lembro que cruzei umas duas ou três vezes o Canal da Mancha by boat, lembro que em uma das vezes estava com um de meus irmãos, ex-cunhadas (existe isso? hehehe!), etc. e tal, e claro com meus filhotes…
Na coleta de dados pra minha tese de doutorado, estive também por lá, alone… Anos depois, fui de novo, participar de um curso patrocinado pelo Conselho Britânico… Outra vez, estive por lá num congresso… Sei lá mais…
Mas, vou contar agora da minha última ida, em agosto de 2011. Londres era uma das cidades que fazia parte do roteiro de uma viagem comemorativa do “niver” de meu husband. Roteiro esse, composto por Edinburgh, Londres, o famoso trem Orient-Express, Veneza e Roma. Ah, e Lisboa veio “de quebra” por um problema da TAP…
Vamos lá!
Chegando…
Em Edinburgh, nossa cidade número 1 do roteiro da viagem citada, pegamos um trem pra Londres. Chegamos, então, na Estação Kings Cross, que ficava um pouco distante de nosso hotel e pegamos um daqueles belos táxis pretos ingleses!
“London is lovely”, verdadeiramente amável! Adoro aquelas casas típicas, suas ruas limpas e o verde que impera numa cidade grande que preza pela conservação de seus parques…
Curtindo o táxi inglês e a cidade, lá fomos nós até nosso hotel, que na verdade era um B&B (Bed & Breakfast).
Quando tava fazendo o plano da viagem, além de outras fontes pesquisei no livro “Mil Lugares Para Conhecer Antes De Morrer” (de Patrícia Schultz), e em sendo Londres um desses lugares, fui direto para as páginas relativas a essa cidade! Lá, encontrei um monte de dicas, incluindo dicas de hotéis, e esse B&B que escolhemos (Cartref House) estava citado lá, entre outros tipos de hotéis.
Vínhamos de um hotel de luxo em Edinburgh e parecia um pouco arriscado tentar um Bed & Breakfast, mas com a indicação do tal livro e querendo passar por experiências diversas, resolvemos correr o risco. Afinal, também li vários comentários bons, na internet, sobre o mesmo … Um hotel agradável com um bom café da manhã e pessoas bastante simpáticas! Conferi!
A localização é ótima. Rua tranquila, parece mais de moradores londrinos, embora tenha percebido outros B&Bs na vizinhança… Pertinho do Palácio de Buckinghan e outros pontos turísticos mais. Bom pra andar a pé explorando os arredores. Além de tudo, cheio de bares, pubs e bistrôs muito legais por perto!
Bom, chegamos no nosso B&B e registramos um incômodo: não tinha porta do banheiro pro quarto, aiaiai… Tinha um arco bem charmosinho, acho que era uma varanda antes… Tinha uma vista legal pro quintal com flores e uma macieira com maçãs vermelhas… Mas, não tinha porta, só esse arco, meu Deus! Depois do espanto e de muitas risadas, nos adaptamos a tal situação e passamos a ver o lado bom do lugar!
Deixamos nossas coisas, trocamos de roupa, etc. e tal, e fomos andar por Londres…
Um lugar de Fantasmas!
Com a fome que estávamos fomos direto em um dos pubs planejados, que estava próximo ao nosso hotel. Andamos um pouco, talvez uns vinte minutos e lá chegamos. Vale salientar que andamos o tempo inteiro por ruas arborizadas, vendo um parque ali e outro acolá, até que nos deparamos com um “beco” muito charmoso cheio de casas legais e muitas árvores mais! E flores, muitas flores! Lá no final, avistamos o tal pub: The Grenadier.
Adorei o lugar e seu entorno! Um único bar numa ruazinha estreita arborizada e florida, no meio de casas legais. E um monte de londrinos lá fora, tomando cerveja e alguns lá por dentro…
Só que uma das características desse bar, além de boa cerveja e bons petiscos, é a lenda que diz que habitam fantasmas por lá! E eu sabia disso, mas na hora havia esquecido! Essa foi boa, porque senão eu iria “fazer medo” a Sant (my husband) que não gosta lá muito de assombrações não! Vale um parênteses: nem eu, mas se tiver alguém comigo, a história é outra. Adoro! hahaha!
Bom, by the way, adoro lugares com história! Assim, curtimos o pub, dentro e fora. Petiscamos algumas salsichas com boas cervejas, e fomos embora, pois tínhamos um jantar marcado no restaurante mais antigo de Londres…
“Atirei o Pau no Gato”…
Doidices a parte, fomos jantar no The Rules, o mais antigo restaurante londrino (desde 1798) e com uma bela história. Parte dela conta que Charles Rule, um descendente do fundador, estava pensando em se mudar para Paris e, por coincidência conheceu Tom Bell, um britânico que possuía um restaurante parisiense chamado Alhambra. E, os dois homens decidiram trocar as empresas por um tempo… Isso aconteceu antes da primeira guerra mundial…
Ao longo de sua história o Rules foi frequentado por escritores, artistas, advogados, jornalistas, atores (como Clark Gable e Charlie Chaplin), e grandes talentos literários, incluindo Charles Dickens.
O restaurante é especializado em ostras e comidas de caça. Eu comi deliciosas ostras de entrada, e depois um “grouse” o prato mais famoso do The Rules e que só tem em determinadas épocas. O “grouse” é aquele pássaro que tem no whisky “The Famous Grouse”, lembram? Pelo que andei lendo é uma perdiz vermelha.
“De quebra” Sant ganhou outra sobremesa de aniversário (por todas as cidades que passamos, nessa viagem, ele teve direito a bolos ou sobremesas com velinhas e tudo mais!).
Mas, até agora vocês devem tá se perguntando: Por que diabos esse sub-título? Bem, vou explicar. O nosso garçon era super simpático! Lá pras tantas, chegou na nossa mesa pra dizer que sabia cantar uma música brasileira. Imaginamos algo como um samba, bossa-nova, algo assim… Mas, eis que o cara começa a cantar “atirei o pau no gato, to to, mas o gato, to to, não morreu…”. Pode?
E fomos andar por aí…
O dia seguinte, foi um dia de grandes andanças. Saímos em direção ao Palácio de Buckingham que ficava a uns dez minutos a pé… No caminho encontramos vários pubs com flores nas fachadas. Aliás, Londres está cheia de flores… Muito legal!
De lá, fomos para a Abadia de Westminster (cenário de quase todas as coroações dos reis da Inglaterra), e passamos pelo Big Ben* e o Parlamento que tá tudo pertinho um do outro. Por lá havia um pessoal protestando numas barracas, acampados (fomos na época dos protestos iniciados no bairro de Tottenham, que se espalharam para outras regiões da cidade, palco de saques e confrontos violentos). Apesar da divulgação forte da mídia sobre esse caso, a única coisa que vimos foram protestos pacíficos …
*”O Big Ben, ao contrário do que muitos pensam, não é o famoso relógio do Parlamento Britânico, nem tão pouco a sua torre. É o nome do sino, que pesa 13 toneladas e que foi instalado no Palácio de Westminster…”
Depois, continuamos caminhando à beira do Rio Tâmisa, em direção a Tower Bridge! Nesse dia andamos um tempão!
Desde o começo já avistávamos a famosa Ponte (Tower Bridge), mas chegar lá, era outra coisa… Enfim, chegamos, cruzamos a Ponte da Torre, passamos em frente a Torre de Londres e fomos em direção a Catedral de Saint Paul. Antes de chegar lá, paramos pra almoçar, pois a fome já tava nos matando!
Ao passar pelos jardins da Torre vimos uma noiva fotografando… Engraçado essas coisas, de uns tempos pra cá, passei a ver noivas em diversas cidades, fazendo poses pelo meio da rua. Nessa mesma viagem, vi uma em Veneza… Mas, já tou saindo do foco!
Enfim, fomos direto para a Catedral. A Catedral de Saint Paul é uma catedral anglicana, cujo prédio atual é do séc. XVII, embora que o primeiro data do ano 604 d.C. Foi lá que o Príncipe Charles casou-se com Lady Diana. A cúpula da Catedral é a segunda maior do mundo (só sendo ultrapassada pela Basílica de S. Pedro no Vaticano).
And The Last Day…
Bom, depois de tanto andar no dia anterior, tínhamos ainda outro programa de andanças: Ir no Hyde Park, ir na Regent Street, Picadilly Circus, Trafalgar Square… Era muita coisa, e tudo a pé! E depois de tudo, um passeio de barco pelo Tâmisa!
Começamos nossa caminhada e nesse dia resolvemos calçar sandálias pra poder andar mais a vontade. Resultado: Lei de Murphy. Ainda próximo ao nosso hotel, já passamos por uma loja super chique com uma vitrine fantástica, onde Santiago se enamorou por uns sapatos (e que eu também amei)! Mas, pensei que fôssemos entrar ali e ninguém iria nos atender. Assim mesmo, entramos. Não só fomos super bem atendidos, como ainda tivemos altos papos com o gerente e Sant saiu de lá com seus lindos e caros sapatos “hand made” da Hield, uma loja inglesa de artigos de luxo, inovadora e com peças com designers fantásticos, fundada em 1922.
Bom, enfim fomos ao Hyde Park e ficamos “perambulando” um bom tempo por lá…
Depois, saímos caminhando até a Regent Street, andamos um bocado por lá, entramos na Apple (claro!) e na Loja da National Geografic. Dessa nossa caminhada fomos parar no Piccadilly Circus. Já tava na hora do almoço e vimos um restaurante por lá que parecia legal, mas pensamos que alí era local de turistas etc. e tal. De toda forma fomos ver os preços. Hoje em dia nada é tão caro pros brasileiros (que podem viajar, claro!), e enfim, resolvemos entrar!
Qual não foi nossa surpresa que ao entrar no restaurante, além de super luxuoso, tava cheio de londrinos, ingleses, sei lá. Só sei que não eram turistas! Homens de terno e mulheres com aqueles chapéus típicos ingleses e colares de pérolas. E nós de jeans e camiseta… Por incrível que pareça, nos deixaram entrar e nos trataram super bem! Um restaurante que vale a pena ir: Criterion. Depois li que lá era ponto de encontro da realeza (ainda é!), de políticos como Churchill, de artistas, de escritores e atores. Também foi cenário para o filme “Batman: The Dark Knight”. Comida muito boa e serviço excelente. Vale a pena!
Saindo do almoço ainda fomos caminhando até a Trafalgar Square onde ficamos um pouco tirando fotos, mas logo nos demos conta da hora do passeio do barco. Saimos de lá quase correndo pra conseguir pegar o tal passeio a tempo, pois havíamos comprado na véspera, fazendo parte de um “pacote”: “London Eye + Passeio pelo Tâmisa”…
Chegamos a tempo mas o passeio de barco pelo Tâmisa não foi bem o esperado. Foi muito “normalzinho”. Não sei se porque já havíamos visto todos aqueles prédios e paisagens nas nossas andanças a pé, ou sei lá…
Na volta para o hotel, também a pé, passamos em dois pubs que já havíamos visto antes: o Albert (de 1864), com garçons legais e ótimas cervejas, e o The Victoria, onde tinha um happy-hour super legal, lotado de londrinos, e onde o gerente era brasileiro! Super!
Finalmente, já mortos de cansados e um tanto drunks, voltamos ao hotel, mas passando antes pela Victoria Station, a estação de trem onde iríamos pegar o Expresso-Oriente no dia seguinte! Queriámos conferir pra ver onde seria o embarque etc. e tal.
No hotel, descansamos um pouco e fomos curtir a noite por perto do nosso B&B, pelo bairro Belgravia, nos arredores da Elbury Street. Escolhemos um charmoso bar e restaurante o The Thomas Cubitt. Valeu a noite! Cheers!
No dia seguinte, “vestidos para matar” tomamos nosso breakfast e pegamos nossas malas. A pé, rumo a Victoria Station, lá fomos nós! Eram apenas dez minutos caminhando e não valia a pena pegar um táxi! Chiques e a pé, foi engraçado, mas essa é nossa história! O resto dessa viagem vocês podem ler em outros textos desse mesmo blog! Good bye!
…”I choose no face to look at, choose no wayI just happen to be here, and it’s ok
Green grass, blue eyes, grey sky…” (CAETANO)
OBS. O Planejamento dessa Viagem que inclui também o trem Orient-Express, Edinburgh, Veneza e Roma está no Picasa.
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