1) Um Destino: Montreal, Canadá
Ao receber o convite de Ana Célia, para escrever sobre uma viagem, fiquei com uma frio na barriga. Afinal, nunca escrevi nada que não tivesse a ver com minha atividade profissional. Mas, desafio feito … desafio aceito.
Recentemente, acompanhada de meu marido, Aldemir e de meu enteado, Eleusis Eduardo, passei 20 dias no Canadá (5 dias em Montreal, 3 dias em Quebec, 2 dias em Ottawa, 5 dias em Toronto e 5 dias em Vancouver).
Montreal, a primeira cidade que visitamos, localiza-se principalmente na ilha de mesmo nome no rio São Lourenço, em seu centro há uma montanha, o Mont-Royal, que lhe deu o nome e é a segunda maior cidade de língua francesa no mundo (depois de Paris).
2) Uma história:
Antes de embarcarmos verifiquei no site do aeroporto de Montreal, qual o melhor meio de transporte para chegarmos até o hotel: havia um ônibus que parava praticamente em frente! Havia, contudo, a necessidade de comprar um passe, pois o motorista só recebe dinheiro se for exato. Dentro do aeroporto há várias máquinas para isso, com algumas restrições, por exemplo: passe para 7 dias só com cartão de crédito. Para as outras opções, algumas só aceitavam moedas, até que descobrimos uma opção que permitia a compra de passe para 3 dias com cédulas. Como só tínhamos cédulas de valores altos, o que a máquina não aceitava, pedimos numa loja de câmbio para trocar uma nota de 100 dólares por outras de menor valor e fomos prontamente atendidos. Resolvido esse pequeno impasse, chegamos tranquilamente ao hotel.
Já sem as malas, saímos para caminhar pela Vieux Montréal (Velha Montreal), com ruas estreitas e construções de pedra. Passamos pela bonita rua St. Paul, a rua comercial mais antiga do Canadá, àquela hora fechada ao tráfego de veículos e com seus bares e restaurantes com mesas dispostas nas calçadas. Chegamos à praça Jacques Cartier, ampla, pavimentada, mas com filas de árvores e muitas flores. Como já era noite e o cansaço nos dominava, jantamos e voltamos para o hotel.
3) O que é imperdível:
3.1) O Mont Royal
No segundo dia, a nossa meta foi conhecer o Mont-Royal. Caminhando desde o hotel, passamos pela Place-des-Arts, complexo que dispõe de salões para apresentações, áreas para shows e festivais ao ar livre e do Musée d’Art Contemporain. Local belíssimo, sem contar que no seu entorno é o Quartier des Spectacles, ou seja, mais espaço para atividades culturais!
Ao longo do caminho vimos ruas tranquilas, arborizadas, com as tradicionais casas com escadas exteriores (para ganhar espaço interior).
Enfim chegamos ao Mont-Royal e começamos a longa subida! Acho que aquele caminho não é propriamente o que os turistas fazem, pois as pessoas que passavam por nós estavam com trajes esportivos e … correndo! Mas o visual compensou o esforço: o parque é lindo, as árvores anunciando que o outono estava próximo, esculturas de pedras, mirantes (fomos ao mirante Chalet) e o Lago dos Castores.
Do Lago dos Castores é possível ver a cúpula do Oratório St. Joseph, que fica numa das encostas do Mont-Royal. Descemos pelo caminho errado e fomos de ônibus até o Oratório. O santuário, visitado por milhões de pessoas anualmente, é impressionante. Tem uma cúpula majestosa, muitas obras de arte, lindos vitrais, um belo jardim à sua frente e o tranquilo jardim da via sacra.
Aqui, um fato merece registro: ao caminharmos do ponto do ônibus até o Oratório, vimos uma placa onde estava escrito “metro”; daí comentamos entre nós que havia uma estação de metrô ali próximo. Ao voltarmos do santuário, não foi possível conter a gargalhada quando vimos que a “suposta” estação de metrô era , de fato, o supermercado Metro! Mas, um pouco mais adiante, havia uma estação!
Terminamos o dia novamente na Vieux Montréal, passamos pela prefeitura de Montreal e novamente pela Place Jacques Cartier e pela rua St. Paul, onde comemos o Poutine, prato típico da região, onde batata frita é servida com carne, queijo e molho, tudo junto e misturado!
3.2) O Parque Olímpico
Começamos nosso terceiro dia em Montreal visitando o Parque Olímpico, construído para as olimpíadas de 1976. A Torre de Montreal, parte integrante do Estádio Olímpico, domina a paisagem. Com uma altura de 175 metros e inclinação de 45 graus, possui um observatório na parte superior, onde pode-se chegar usando um funicular. Como o dia estava ensolarado, pudemos ver praticamente toda Montreal lá de cima.
Ainda no Parque Olímpico, fomos conhecer o Biodôme de Montréal, um parque ecológico coberto, no antigo velódromo das Olimpíadas. Nesse espaço estão representados 4 ecossistemas das Américas: A Floresta Tropical, a Floresta Laurenciana (das montanhas Laurencianas, no Canadá), o ambiente aquático do São Lourenço e o mundo Polar. Muito bonito e interessante, principalmente para crianças.
3.3) O Quartier Internacional
Depois fomos caminhar pelo Quartier Internacional, bairro com prédios modernos, praças bonitas, shoppings, escritórios e lojas de grife. É nesse bairro que fica a Place-des-Arts, onde já havíamos estado antes.
Dessa vez aproveitamos para conhecer parte dos mais de 30 quilômetros de passagens subterrâneas que interligam estações de metrô, estação central de trens, hotéis, restaurantes, shopping centers, prédios públicos e privados, formando uma verdadeira cidade subterrânea: é o réseau piétonnier souterrain! Maneira que eles encontraram para driblar o frio do inverno rigoroso.
3.4) O Palais des Congrès
Voltando à superfície, fomos ao Palais des Congrès, um imenso centro de convenções com capacidade para mais de 5000 congressistas e com um efeito visual impactante: todo de vidro colorido! Dentro do prédio o reflexo dos raios solares através dos vidros dá a impressão que o chão também é colorido.
3.5) A Basílica Notre-Dame
Para encerrar o dia, voltamos para Vieux Montreal e fomos conhecer a Basílica Notre-Dame de Montréal: bela por fora e simplesmente espetacular por dentro!
3.6) Île Ste. Hélène e Île Notre-Dame
Île Ste. Hélène e Île Notre-Dame, nosso destino na manhã do quarto dia em Montreal. As duas ilhas do São Lourenço, interligadas por pontes, formam o Parque Jean-Drapeau. Na ilha Ste. Hélène, que comunica-se com Montreal através da ponte Jacques Cartier, fomos conhecer a Biosphère, uma esfera enorme com estrutura tubular muito bonita, montada para servir de Pavilhão dos EUA na Feira Mundial de 1967. Hoje funciona como Museu do Meio Ambiente, onde quase tudo funciona de forma interativa. Perfeito para crianças.
Na ilha de Notre-Dame está o Cassino de Montreal e o circuito automobilístico Gilles Villeneuve. Para ir até a ilha usamos o ônibus do cassino, que leva os visitantes gratuitamente, desde a estação do metrô na ilha Ste. Hélène até a frente do mesmo. Apesar de não jogarmos, entramos no cassino para conhecer e ganhamos na saída dois baralhos de brinde. Quanto ao circuito automobilístico, quando não está havendo corrida, serve de rua normal.
3.7) O Festival D’Art Émergent
De volta à Montreal, fomos ao Quartier Latin, que estava em festa: era o Festival D’Art Émergent. Várias ruas fechadas ao tráfego de veículos, grupos realizando performances, muita gente nas ruas, restaurantes com mesas nas calçadas cheios e até jovens jogando com tacos de hóquei no asfalto. Quando saímos de lá já havia grupos musicais se apresentando. Mas o cansaço nos venceu!
3.8) O Vieux-Port
Quinto e último dia em Montreal! Fomos conhecer o Vieux-Port, porto fluvial no rio São Lourenço que, depois de muitos anos de abandono, foi totalmente revitalizado e inaugurado, em 1992, como um parque. Algumas edificações antigas permanecem até hoje, como a Tour de l’Horloge, e outras, modernas, surgiram, como o Montreal Science Center, no píer King Edward. Com calçada ao longo de toda a orla, no porto há, ainda, espaço para bicicletas, patins, concertos, exposições, etc.
O que chamou nossa atenção nesse passeio pelo Porto Antigo foi uma longa faixa de areia branquinha, guarda-sois e cadeiras, formando uma “praia”. Para entrar nessa “praia” é necessário comprar ingresso, mas, mesmo ainda sendo verão, a temporada estava encerrada e só seria reaberta no próximo verão. Ah! A “praia” é só para banho de sol, pois é proibido nadar no rio!
3.9) O Marché Bonsecours
Ao sair do Porto Antigo, atravessamos a rua e entramos no Marché Bonsecours, uma edificação antiga com uma imensa cúpula e que além de mercado já foi sede da prefeitura. Hoje, nesse belo prédio há galerias de arte, lojas de fino artesanato, confecções e até joias, além de um café.
Aí demos por encerrada nossas andanças por Montreal e voltamos para o hotel. Hora de arrumar as malas, pois na manhã seguinte a viagem para a cidade de Quebec nos aguardava!
4) Sobre a entrevistada:
Zenaide Alves de Araújo, natalense, casada, três filhos e um neto. Engenheira Civil, com mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica e hoje professora aposentada do Departamento de Engenharia Mecânica da UFRN. Adora viajar, fotografar e colecionar canecas dos lugares por onde passa.