E CONTINUANDO A VIAGEM…
Bom, enfim embarcamos no nosso primeiro trem em Londres, O British Pullman. Como já disse no texto 1, o trem principal, o Venice Simple Orient Express (VSOE), iríamos pegar em Calais na França, após a travessia do Canal da Mancha.
Mas o Pullman não ficava atrás. Muito lindo, o Pullman é um dos trens da Companhia Orient Express, “irmão” do renomado VSOE. Também possui carruagens dos anos vinte, totalmente recuperadas, como eram originalmente.
UM POUCO DE HISTÓRIA…
Segundo o site do Pullman, o mesmo tem seu nome em homenagem a George Mortimer Pullman, “o pai” de viagens em comboios de luxo, e possui opulentos vagões, cada um com sua própria história para contar.
Alguns desses vagões eram usados rotineiramente pela família real britânica, como o Audrey e o Phoenix (carruagem favorita da Rainha Elizabeth, a rainha mãe). Outros levaram políticos famosos como o Presidente De Gaulle (incluindo o Phoenix) e Nikita Khrushchev. Outros ainda fizeram parte do trem de funeral de Winston Churchill (como o Perseus). O mais antigo, o Ibis, data de 1925, enquanto outros (Audrey e Vera) foram quase destruídos por bombas durante ataques aéreos sobre a Victoria Station em Londres, em 1940. Muitas das carruagens foram retiradas de serviço nos anos 60 e 70, e foram compradas por entusiastas ou simplesmente ficaram deteriorando-se em algumas ferrovias.
Em 1977, o empresário James Sherwood começou a adquiri-las em leilões ou de proprietários individuais, com a intenção de restaurá-las para o “Palaces on Wheels” que George Pullman criou. Um processo de renovação meticuloso fez com que cada carro (vagão) voltasse para a época suntuosa do seu glamour existente nos anos 1920 e 30.
Desde que fez sua primeira viagem de passageiros em 1982 que o Pullman britânico, totalmente restaurado, tem realizado viagens de luxo para cidades históricas do Interior da Inglaterra. Ele também transporta passageiros de Londres até Folkestone, que fazem parte da viagem lendária que continua através de Paris até outros destinos além do Reino Unido, incluindo Veneza, Praga e Istambul, como foi nosso caso (Veneza).
No total, o Pullman conta com onze carruagens: Audrey, Cignus, Gwen, Ibis, Ione, Lucille, Minerva, Perseus, Phoenix, Vera e Zena. Cada uma com sua história (ver). O nosso vagão, o Vera, foi bastante usado pela realeza em 1953, e pelo Príncipe Charles e a Princesa Anne em 1954, em suas primeiras viagens em trem. A sua decoração nas paredes de madeira (marchetaria) é feita principalmente de antílopes pulando entre palmeiras.
VOLTANDO A NOSSA VIAGEM…
Entramos no nosso vagão (Vera) e já descobrimos o glamour e a fantasia no clima e na beleza das “paredes” de madeira, nas peças com cara de anos 20, nos vitrais, em tudo que decorava o trem… Sentamos, ainda com cara e sentimentos de quem “enfim conseguiu fazer o que tanto desejava durante anos”…
Muito legal a primeira parte da viagem. Teria sido melhor se não houvesse a tal travessia do Canal da Mancha pelo Eurotúnel.
Já havia lido no site do Orient Express e também numa reportagem de um jornalista português Pedro Sampayo Ribeiro, a qual recomendo (aqui) que a travessia poderia ser feita num catamarã da própria empresa. Acho que teria sido fantástico. Mas, creio que só usam o catamarã quando não tem tanta gente no trem, pois com o trem “lotado” seria impossível atravessar tanta gente em tempo suficiente para continuar a viagem conforme o planejado e chegar a Veneza no dia seguinte. Então, nos restou a segunda opção: Por baixo da terra: O Eurotúnel.
Essa foi, pra mim, a parte “ruim” da viagem. Saímos do trem (o Pullman) para diversos ônibus “de luxo” a fim de cruzar o canal pelo túnel. Não importa se o ônibus era de luxo, mas não gostei nada. Já havia atravessado o Canal da Mancha outras vezes, mas sempre “por cima”, pelo mar.
Pra quem nunca foi pelo túnel, é bom saber que o carro (ou o ônibus, como foi nosso caso) entra numa espécie de “container” o qual é que anda debaixo do canal, pelo Eurotúnel. O carro fica lá dentro parado e o tal “container” andando. Pra quem tem claustrofobia é uma loucura! Assim, passei em torno de quarenta minutos, com dor de cabeça pela pressão, olhando pra cima e vendo só um teto de ferro (ou sei lá de quê), e pra baixo, nada. Ufa! A essas alturas já estava maldizendo o tal do Expresso Oriente. Mas, passou. E o resto da viagem, valeu à pena. Só valeu!
Bom, mas antes de entrar nos ônibus, quando chegamos a Folkstone, uma bandinha tocando músicas dos anos 20 e 30 nos esperava. Foi fantástico!
Depois da travessia do Canal, chegamos a Calais e fomos ao encontro de nosso maravilhoso trem, o VSOE!
No próximo “capítulo” (o 3), contarei a continuação da história da nossa viagem, agora a bordo do VSOE: O legendário e luxuoso trem! De Calais, França, até Veneza!
-
1 Milão – O começo da road trip pela Itália
-
2 Aveiro: um lado português de águas e de cores!
-
3 Aix-en-Provence: Quase morando lá!
-
4 Giverny: Um Bate & Volta desde Paris!
-
5 Quer viajar pra onde?
-
6 Os Bastidores de uma Viagem (Alemanha, Áustria e França)
-
7 TOULOUSE: depois de pedalar pelo Canal du Midi
-
8 Porto, Portugal (por Thayse Carvalho de Santana)
-
9 UM GIRO DE TREM PELA SUÍÇA – 2: Lucerne (por Zenaide Alves)
-
10 O charme de Saint Jean Pied de Port