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Trás-os-Montes: Bragança e Rio de Onor, uma cidade e uma aldeia trasmontanas!

Bragança era um destino muito esperado nessa última viagem à Portugal (roteiro aqui). E por quê? Primeiro porque meu mano “do meio” esteve por lá em janeiro e ficou muito feliz em conhecer um pouco da região de Trás-os-Montes. Um Portugal ainda pouco explorado turisticamente, recôndito ou profundo, como dizem alguns.

Logo meu interesse cresceu mais ainda na conversa com meu mano. Me interessei ainda mais por ser um lugar em que o turismo ainda não está a todo vapor; por querer conhecer uma aldeia cheia de história por perto de Bragança (Rio de Onor); por poder chegar à Espanha rapidinho de lá; e até de querer me hospedar em Bragança num lugar que parecia “ideal”, dentro do castelo…

Estávamos no 9º dia dessa viagem por Portugal, (depois de curtirmos Aveiro; de passarmos por Coimbra, Fátima e Tomar; de ficar alguns dias em Marvão, em Monsanto, e em Provesende – uma aldeia no Douro). Em Bragança, ficamos dois dias e meio por lá. Na verdade, três noites.

1- Na Estrada

No caminho, ao sair de Provesende no Douro, tentamos conhecer um lugar bonito onde ancoravam barcos, em outra cidadezinha (S. João da Pesqueira), e que foi indicado pelos amigos portugueses. Achamos a cidadezinha mas nada desse lugar “paradisíaco” dos barcos…  Acho que nos perdemos, ôps. Rodamos pra lá e pra cá, e a vantagem foi apreciar mais as belas paisagens do Douro. Já em “Carrazeda de Anciães”, paramos e almoçamos num lugar simplesinho mas com boa comida, e barato.

2- Bragança

Bom, e aí chegamos em Bragança!

Chegamos à tarde e seguimos o GPS à procura do hotel, a albergaria Zé do Tuga. Ao entrar nas muralhas do Castelo ficamos um pouco perdidos (sabem como é GPS que às vezes nos engana, né?). Mas, na primeira “porta” da muralha já fomos perguntando e de repente apareceu o Tuga, bem atrás da gente, numa moto. E lá veio ele já pedindo para segui-lo! Todo animado já percebemos que essa iria ser uma estadia legal.

A Tasca (e a pousada em cima)

Um dos portões do castelo, vizinho à Tasca

O Tuga tem mesmo muita conversa boa (rsrss)! E bons petiscos também!

2.1) O Hotel e a Tasca

O tal lugar “ideal” que falei, é um hotel/ap. simples. Apenas um quarto (muito) pequeno com banheiro, mas tudo limpo! Não espere nada demais, e sim simplicidade (reservamos pelo AirBnb). Porém, o bacana disso é que é uma tasca (bar típico) do mesmo proprietário que fica embaixo (não, não precisa se preocupar, porque não há barulho na dormida). Ah, e também a vista que é mara!

O meu maior prazer nessa estadia era voltar pra lá, ficar sentada na Tasca, tomando um vinho, petiscando delícias e vendo a paisagem… ficar na “esplanada” como chamam os portugueses (ou seja, nas mesas do lado de fora).

Bom demais tomar um vinho por aí!

Comidinhas bem apresentadas…

E à noite ainda é mais legal!

Outa coisa: a comida da Tasca tem tudo a ver com a região trasmontana mas também tem um quê de comidinhas bem elaboradas com toques gourmet. Até o café da manhã (pequeno almoço) é servido na Tasca e além de bem servido, é muito gostoso e com um toque “de arte”.

Delícia!

O Menu!

2.2- Bragança e seu castelo

Bragança em si não tem muito o que ver. Não é uma cidade pequena. Já, dentro das muralhas, no interior do Castelo, parece que nos encontramos numa minúscula cidade. E disso eu gosto muito! Além do mais, a maioria dos monumentos importantes de Bragança se encontram dentro das muralhas do castelo e no seu entorno.

Ruelas por dentro das muralhas do castelo…

Uma das portas do castelo

Eu e o castelo ao fundo

2.3- O que fizemos por lá? 

Primeiro quero lembrar que essa nossa viagem tinha como princípio: nada de correrias, conhecer aldeias e pequenas cidades devagar… Três dias pode parecer muito tempo em Bragança, ainda mais que fomos numa época em que os dias são mais longos e podemos aproveitar muito mais. Mas, não foram! Enfim, o que fizemos por lá?

  • De cara, já nos hospedamos dentro do castelo de Bragança, que tem uma paisagem ” do outro mundo”. Se você não se hospedar no castelo recomendo pelo menos passar boa parte do tempo por lá.
  • Arrodeamos a muralha do castelo. Fazer isso a pé é o maior barato. Você segue caminhando por cima da muralha (há espaço para isso) e consegue ver ao mesmo tempo duas paisagens maravilhosas: dentro de fora do castelo. Lá fora se observa uma paisagem de montanhas e bonitas zonas circundantes de muito verde, além de ver um pouco de Bragança.

A paisagem vista da muralha

  • Comemos várias vezes no restaurante (Tasca do Zé Tuga). O menu do chef é legal. Luis Portugal, o Tuga é um ex “master chefe”.   A tasca do Zé Tuga , é um restaurante situado no castelo de Bragança, com uma paisagem “do outro mundo” e apesar de apresentar um ar de rusticidade,  tem um menu que mescla o tradicional ao contemporâneo e com conceito “slow food” (as comidinhas tem um toque da cultura regional e mais um toque de arte culinária, artisticamente apresentadas). Existem outros restôs interessantes que acho que valem a pena também (até comemos em outro). O bom da Tasca é a paisagem.

  • Um dos dias, descemos e fomos até o centro da cidade. Ficamos um pouco à curtir as ruas e praças. Tomamos um café e voltamos (porque “nossa praia” era ficar lá em cima -risos -)
  • Outro dia fomos conhecer a aldeia Rio de Onor, que fica a poucos kms de lá (uma meia horinha de carro) e, depois, fomos até Puebla de Sanabria, na Espanha que estava bem “ali” e tínhamos tempo (mais uma meia horinha). Amo a Espanha, vimos a placa, e nos mandamos pra lá. Meu mano tinha me dito que tinha ido a pé, desde Rio de Onor. Imagine nós, de carro!

3- Rio de Onor

Meia horinha de estrada e chegamos lá…

3.1- A Aldeia e seus habitantes

Rio de Onor é uma aldeia portuguesa, na região de Trás-os-Montes, que tem apenas uns 50 habitantes. Surpreso/a? pois é. A maioria da população é idosa, claro. Provavelmente essa curiosa aldeia, com detalhes incríveis, irá desaparecer. Vimos pouca gente. Turistas, então nem se fala, talvez uns quatro.

Eu na muralha

Fachadas de casas em Rio de Onor

Rio de Onor

Tentando chegar mais perto do rio…

Conversei lá com dois moradores. Um senhor que estava  no balcão de uma pequena mercearia, e uma senhora que encontramos varrendo seu jardim. Disseram que nas férias escolares há mais gente na aldeia, os netos, os filhos, enfim, visitas de parentes que já se foram morar em outras terras.

3.2- Aldeia Comunitária

A aldeia ainda subsiste como aldeia comunitária. O que quer dizer isso? É um regime que pressupõe compartilhar quase tudo, como: fornos comunitários; terrenos agrícolas comunitários (todos devem trabalhar); rebanho bovino e de outros tipos.

Mas, pela conversa que tive com esses referidos habitantes, atualmente a maioria dessas atividades se acabaram. Não mais existem rebanhos, nem mesmo agricultura. Os idosos que lá restam não têm mais forças para essas coisas. Existe ainda uma mercearia que alguns “tomam conta” e o dinheiro arrecadado com a venda de refrigerantes, cervejas, água e algumas comidinhas, são repartidos para todos, mas são mais utilizados na festas da comunidade. Os idosos recebem uma aposentadoria, de em torno de um salario minimo português, para se manter.

Nosso papo foi com esse senhor por trás do balcão…

3.3- Fronteira Portugal-Espanha

Rio de Onor tem  outra característica importante:  é metade Portugal e metade Espanha. Oficialmente a parte espanhola se chama Rihonor de Castilla.  Os habitantes de ambas as partes se conhecem como  “povo de acima” e “povo de abaixo”, pois de fato não se diferenciam como dois povoados.

3.4- Outras peculiaridades da aldeia

A aldeia possui um regime de governo próprio e um dialeto próprio e quase extinto. As casas tradicionais têm dois andares, onde em cima moram as famílias, e embaixo ficam (ou ficavam) o gado, os cereais e outros produtos da terra.

3.5- O que fizemos pela aldeia

Bom, chegamos lá e estacionamos o carro facilmente. Tudo parecia meio deserto. Andamos um pouco e vimos alguns moradores que estavam comprando peixe em uma van. Vimos alguns (pouquíssimos) turistas flanando como nós.

Descemos até onde estava o rio, caminhamos um pouco por lá, tiramos fotos. Atravessamos uma ponte, descobrimos uma mercearia onde tomamos uma água e uma cerveja. Conversamos com  o senhor que estava no balcão. Por ele, descobrimos mais coisas sobre a aldeia, das quais já falamos.

Voltamos, descemos outra vez por perto do rio e caminhamos mais admirando as fachadas das casas. Cruzamos de volta o rio, por outra ponte. Andamos mais um pouco pelas ruelas ainda existentes. Quase um deserto. Encontramos com uma senhora em seu portão e conversamos mais um pouco com ela…

Nós, em Rio de Onor

Pegamos o carro e partimos… Antes de partir percebemos a placa na estrada com o nome Espanha…

Vamos?

4- Puebla de Sanabria/Espanha

Já no carro e vendo aquela placa à nossa frente, pensei: E por que não ir até a Espanha? Então saímos pela estrada rumo à Puebla de Sanabria! Sobre essa cidadezinha charmosinha conto aqui.

 

 

 

 


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