Um lado de mim quer paz, tranquilidade, planejamento e pé no chão. “Não tenho porquê enfrentar nada e nem muito menos os meus medos. Pra quê essa besteira? Provar o quê, porquê e pra quem?”.
Outro lado quer guerra, guerra comigo mesmo. “Claro que vou! Não posso perder do meu medo, não posso desistir assim…”. E, com esse pensamento já enfrentei muitas aventuras, pelo menos pra mim…
“Uma parte de mim
pesa, pondera; outra parte delira…” (Ferreira Gullar)
Então, é sobre um desses momentos em que predomina meu lado que me desafia, que vou falar agora…
Mergulho em Fernando Noronha
Há anos atrás (ôps), fomos eu e meu filhote mais novo, junto com um de meus irmãos e dois sobrinhos, à Fernando de Noronha. A viagem por si só já era uma aventura (pra mim, né?). Viajar num avião pequeno! Ufa! Por mais que eu viaje sempre tenho um pouco de medo de voar. E lá fomos nós num pequeno avião de hélice…
Pra começo de história, meu sobrinho mais velho, ao ver o avião, resolveu “fazer medo” ao seu irmão! Frases do tipo “coitado desse piloto, é a última vez que vai voar”, ou “tome essa água que será sua última”, eram constantes. E, mal sabia ele que as gracinhas dele também me afetaram, e o pior era que não podia demonstrar nada ao meu filhote…
Bom, passado o voo, outras aventuras marcaram nossa presença na Ilha, como passeios de buggy, de barco, a pé… Nadar com golfinhos e até com pequenos tubarões “à vista”…
Mas, o grande lance foi o tal batismo de mergulho com cilindro e todos aqueles equipamentos pesados. Depois de uma aula teórica, já no próprio barco, começamos a nos vestir pro tal mergulho. Nessa hora, pensei e falei alto: “vou mais não”. Aí meu filho me olha nos olhos e diz com uma cara bem séria e cobradora, quase plagiando uma frase que eu costumava dizer: “Mamãe, você não vai nem tentar?”.
Depois dessa, eu fui, claro. Éramos três de cada vez a mergulhar, cada um com seu instrutor. Eu, Marcel e uma moça de SP. Eles dois nadando numa boa, e seus respectivos instrutores só ficavam por perto. Eu, literalmente “dura”, agarrada ao meu instrutor. Depois vendo o filme, ri e pensei “que ridículo!”. Mas fui, oras!
E claro que valeu a pena! Afinal, ver a beleza do fundo do mar com seus peixes coloridos, suas tartarugas, algas, corais, etc., vale muito a pena! Enfim, foi tudo muito lindo! Até esqueci o medo, o qual só voltou quando depois de uma meia hora resolvi olhar pra cima e vi que tinha um mundão de água sobre mim. Aí voltei à minha realidade e apontei o dedo pra subir…
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