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O Caminho de Santiago (por Navarra): Um Resumo

Sempre leituras ou filmes me levam a outros lugares, me levam a viajar por aí! Se os livros ou filmes imitam a vida, eu imito os livros e os filmes. É assim… A escolha por esse outro trecho* do Caminho de Santiago já contei aqui (nesse post anterior, vocês poderão ver o mapa do Caminho…)

*Só pra relembrar fizemos uma parte do Caminho, o trecho inicial do chamado Caminho Francês¹, o mais tradicional: De St Jean Pied de Port na França até Logroño na Espanha (em torno de 200 km). Da outra vez (em 2009) fizemos o trecho final, chegando em Santiago de Compostela.

¹”O Caminho Francês é a rota das estrelas, é o Caminho de Santiago por excelência. Partindo de Saint Jean Pied de Port, é uma viagem de quase 800 quilômetros até o oeste, com a Vía Láctea que acompanha desde o céu ela essência de uma rota milenar na terra”.

Bom, chegamos em St Jean Pied de Port antes da hora em que esperávamos. Depois de uma rápida conexão em Lisboa e de um tempinho de espera em Madrid pelo voo para Pamplona, no aeroporto dessa última cidade já nos esperava o táxi que contratamos via internet. Tudo dando certo, certíssimo! No final da tarde, começo da noite, chegávamos na charmosa cidade francesa, pela qual iniciaríamos nossa caminhada.

Voo para Pamplona rsrsss

No táxi, de Pamplona a St Jean, curtindo as paisagens dos Pirineus!

Chovia, contrariando nossas expectativas de um fim de mês de maio europeu. As nossas e de todos os europeus que diziam ser um mês de maio atípico. Além da chuva, frio, não condizente com um fim de primavera, quase verão! By the way, estávamos preparados.

Em St Jean Pied de Port

Saint Jean Pied de Port  é uma pequena cidade medieval no sudoeste da França, quase na fronteira com a Espanha. Fica num vale, praticamente aos  pés dos Pirineus, está cercada de montanhas e é banhada pelo Rio Nive. É  uma das cidades  mais bonitas do país basco francês. Cheia de charme!

St Jean (Fonte)

Depois de nos acomodarmos no nosso hotel, também de charme como a cidade, (Les Pyrenées), decidimos jantar no mesmo. Decisão acertadíssima, apesar de nada barato, pois o restaurante do hotel era estrela Michelin. Optamos pelo menu degustação e nos deliciamos com os vários mini-pratos e sobremesas à altura do premiado chef Philippe Arrambide. Meu aniversário seria uns quatro ou cinco dias depois, e pensamos que essa já seria a comemoração, ou uma delas!

Delícia de jantar!

Dia seguinte, conforme planejado, ficamos na linda cidadezinha e fomos conhecê-la. Para nossa “chateação”, a chuva continuava. E eu que pensava usar a piscina do hotel (ôps). Mas, como diz o ditado “Se tem um limão, faça uma limonada”.  Assim fizemos. Fomos para a rua nos divertir!

Em St Jean Pied de Port

Na Rua da Citadelle, em St Jean… Perto da Oficina dos Peregrinos.

A linda e charmosa St Jean valeu a pena. Curtimos cada momento, com chuva e tudo mais! Na rua da Citadelle, onde se encontra a Oficina dos Peregrinos, passei pela minha primeira frustração. Não em relação a rua, que é muito linda, mas lá dentro da Oficina quando fomos carimbar nossos passaportes de peregrinos… Todos muito gentis, nos mostraram uns mapas e nos disseram: “Não vão poder ir pelo monte, está interditado com as chuvas”. Eu fiquei pasma. Como assim? e meu desafio? e meu plano de subir até 1400 metros? Foi tudo por água abaixo, literalmente, com as águas da chuva…

Em St Jean, o rio Nive…

E, eu “esperneando” por dentro, continuava a ouvir a voz do gentil senhor da Oficina dizendo que o outro trecho era até melhor porque só teríamos que subir 1040m. Mas, eu queria subir os 1200 (até 1400, já que St Jean está em 200 e poucos metros acima do nível do mar). Mas, qual não foi minha surpresa quando o senhor disse que não iríamos pela carretera (estrada) e sim por uma trilha paralela à mesma. Ah, agora sim. Pensei que iriamos pela carreteira, que chatice que ia ser!

O mapa: A direita se vê uma trilha verde, paralela a estrada (amarela/azul). A esquerda, em vermelho, seria o caminho pelo monte (trilhas mais altas).

Muito interessante, porque eu havia lido que só existiam duas opções de cruzar os Pirineus: ou pelo monte (chamada Rota de Napoleão, passando pelo Port de Cize; ou pela estrada, passando por Valcarlos, uma cidadezinha pelo meio dos Pirineus). Na primeira opção, não tinha nada de nada, nenhuma cidade e nem povoado, mas era a rota preferida pelos peregrinos por ter mais natureza. A segunda opção, era mais usada por quem vai de bike, ou quando o tempo tá ruim. E o tempo tava ruim.

Mas eu queria tanto, tanto, ir vendo a natureza… Por isso, fiquei um pouco mais alegre quando descobri que havia uma trilha, caminhando pela natureza, que beirava a estrada ou adentrava os bosques dos Pirineus. E, assim mais contente, fomos procurar o ponto de saída, para no dia seguinte já começarmos acertando!

No muro, indicando as duas opções de cruzar os Pirineus!

Depois de um dia inteiro perambulando pela cidade, jantamos num lugar mais simples, o famoso “menu do peregrino”,  onde já tinham vários peregrinos conversando sobre a saída do dia seguinte.

A lateral da Catedral… O rio…

Em seguida, voltamos ao hotel e fomos dormir um bom sono. Por isso, faço questão de bons hotéis. Quero e preciso dormir bem pra empreender a caminhada do dia seguinte bem descansada. Nada contra albergues, mas como já disse no meu livro e nos relatos do trecho que fiz em 2009: Não tenho mais idade nem “saco” pra dividir banheiros nem roncos com ninguém. Pode soar pouco peregrino, mas é isso mesmo! Não tenho também “costas” pra dormir em todo canto. Elas precisam ser muito bem cuidadas! Desculpem aí!

Bom, acordamos muito bem dispostos para enfrentar a chuva e as subidas. E lá fomos nós… Levando nossa mochila e sanduíches e água, pois não esperávamos encontrar vivalma pelo caminho, a não ser outros peregrinos…

Olha só “amarmotados” com tantos capuzes e casacos pras chuvas rsrss

Um Resumo dos dias de Caminhada

Logo mais vou contar tudo!!! Se vocês quiserem podem ver um diário que escrevi dos sete dias de caminhada. Mas, tem também esse resumo pra matar a curiosidade!

Bom, pra começo de conversa esse trecho que fizemos foi muito, mas muito mais difícil do que o trecho que fizemos em 2009 (pela região da Galícia). E, olha que em 2009 não foi fácil não!

Dessa vez, caminhamos pela região da Navarra na Espanha e por um pedacinho da região de La Rioja. Fora o comecinho que saímos da França (de St Jean Pied de Port) e toda a travessia dos Pirineus, onde encontramos a fronteira da França com a Espanha.

As indicações e os “sinais” do Caminho…

Muita subida. Sempre, e em todos os dias. O pior dia foi o primeiro dia, pois subíamos sem parar… E, na chuva. Chuva que dava poucas tréguas, poucas mesmo! E, com lama! Rios cheios devido às chuvas, transbordavam e inundavam as trilhas por onde passávamos. Sem as botas impermeáveis (goretex) teria sido impossível.

Os córregos…

Minhas costas e meus pés reclamaram muito! Com as subidas, a lombar sofreu! Foram muitos alongamentos ao longo do caminho…

No segundo dia tivemos que tirar as botas pra atravessar dois rios, pois as pontes estavam literalmente embaixo d’água, e de nada iriam adiantar as botas, pois a água “dava” no joelho. Quase congelamos, brrr!

Foram três dias de chuva e quatro de sol. Bom, um dia nublado, vamos! E nos dias de sol, era um calorão, jejeje! “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.

Os dois últimos dias foram mais amenos, em termos de dificuldade da geografia do terreno. Sin embargo, ainda difíceis. Mas, nesses dias conseguimos manter nossa média de tempo, o tempo que fazíamos tanto nos treinos aqui em Natal, quanto o que fizemos em 2009. Uma prova de que realmente o terreno era mais acidentado e não era só a “velhice” de quatro anos a mais “nas costas”, jejeje!

Agora vocês me perguntam: e o que houve de bom? Ah, muita coisa! Uma beleza ímpar. Uma natureza linda. Acho que posso dizer que as dificuldades foram maiores, mas com mais beleza também! Cidadezinhas charmosinhas, povoados lindinhos… Caminhávamos muitas vezes beirando rios, vendo cascatas… Subindo e descendo montanhas e montes… Muito verde… Muito lindo!

Paisagens do Caminho…

Desafio vencido. Meta alcançada. Viagem muito bem aproveitada. Curtimos tudo: as igrejas, os povoados, a gastronomia, a natureza…

Detalhes no “diário” da viagem (ver a seguir)!

Beirando os rios…

 

Obs. Trecho Percorrido (Todos os posts do diário do Caminho de Santiago na região de Navarra estão aqui: clique nos dias):

Dia 1) De St Jean Pied de Port a Roncesvalles

Dia 2De Roncesvalles a Zubiri

Dia 3) De Zubiri a Pamplona

Dia 4) De Pamplona a Puente de la Reina

Dia 5) De Puente de la Reina a Estella

Dia 6) De Estella a Los Arcos

Dia 7) De Los Arcos a Logroño

 

Obs. 2- Tem ainda os posts do Caminho de Santiago pela região de Galícia aqui!

 

 



Engenheira por formação, fez doutorado em Madrid onde começou sua paixão pela Europa. Aprendeu, com seus pais, desde criança a gostar de viajar. Adora viajar e diz que "sem viajar não me reconheço"! Escreve sobre suas viagens pelo mundo afora de forma divertida e leve. Escritora por hobby, além desse blog tem dois livros de viagens publicados.

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